"Ser de esquerda" não possui uma definição estanque. Ainda hoje, milhares de jovens continuam a acreditar num ideal de esquerda humanista, apesar de todas as experiências políticas, das controvérsias e do actual sistema político neo-liberal. Verifica-se uma grande variedade de interpretações do conceito. A maioria dos jovens não hastea bandeiras políticas, mas a ideia de esquerda continua a seduzir, mesmo aqueles que estão menos informados.
Ser-se de esquerda quando se é jovem
A esquerda como transformação económica
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"Os ideais de esquerda, nomeadamente os ideais marxistas, são, não só bonitos, como necessários", continua Ana. A esquerda encontra, aí, uma resposta para uma nova ordem social. "Há dezenas de anos que nos apoiamos em relações de produção injustas. Tornei-me comunista , não pelos "ideais bonitos", mas sim pela proposta de sociedade que apresentam - uma sociedade mais justa, mais livre, com maior sentido de unidade."
JCP: A resposta Marxista-Leninista
Bloco de esquerda: Uma força altenativa
O BE procede a uma integração dos jovens na vida do partido sem craia uma "juventude"."A estrutura clássica da jota partidária é entendida pelo bloco de esquerda como pouco inclusiva, na medida em que cria uma barreira artificial entre gerações que resulta normalmente na redução da jota a uma máquina de propaganda e recrutamento partidário".
Um "jovem do bloco" é um "activista de causas sociais e militante pela reforma social de vanguarda através das causas fracturantes, da procura de alternativa económica e política e da construção e defesa intransigente dos valores da liberdade individual em comunidade."
A opção pelo BE reveste-se de uma preocupação social e pela oposição ao sistema vigente. "É à esquerda que as respostas de alternativa social, económica e política, rejeitando o alegre status quo da globalização neo-liberal, se estão a formar e possivelmente concretizar. O projecto do Bloco de Esquerda surge como alternativa de poder".
Ser de esquerda e do partido no poder
Sendo que a JS faz parte da mesma família política do partido no poder e este nem sempre faz uma governação à esquerda, qual é a resposta da JS aos jovens que se sentem desiludidos com o PS?
Não sei qual é a resposta que se dá, como nenhum de nós defende exactamente as mesmas políticas, dão-se provavelmente respostas diferentes. Talvez uns possam concordar com os jovens desiludidos, outros talvez defendam as políticas do PS, por estarem de acordo com elas.
O que define um membro da JS?
Somos todos diferentes: há aqueles que cuja família tem tradição na política, outros têm curiosidade por ela, sem terem familares que os incentivem. Uns estudam Ciências Sociais, outros estudam Economia, Direito ou Engenharia. Mas o que provavelmente todos têm em comum - tanto na JS como noutras juventudes partidárias - é o gosto pela política.
Qual é o espaço das JS no panorama político actual?
De um modo geral, nos media, ouve-se falar mais na JS do que noutras juventudes partidárias. Acredito que a JS tenha algum impacto nas políticas actuais. O primeiro-ministro mencionou o casamento homossexual na sua moção, isso é uma grande vitória para a JS, nomeadamente para o nosso ex-secretário-geral e actual deputado do PS, Pedro Nuno Santos, que fez esta uma das principais causas da "jota", quando exerceu o seu mandato. A JS apoia a política da ministra da Educação, distribuindo flyers e informando os alunos do secundário sobre o novo estatuto do aluno. Por isso, a JS e o PS influenciam-se mutuamente.
O que é ser de esquerda, nos dias de hoje, e como podes integrar os teus ideais na vida de todos os dias?
Nos dias de hoje, ser de esquerda é fundamentalmente procurar não se fechar sobre si mesmo, sobre o seu grupo. É preciso estar atento às políticas implementadas no estrangeiro, tais como videovigilância em pleno centro da cidade, racismo contra pessoas que vêm de países onde existem grupos terroristas, ou vindas desses países vizinhos. Deve-se procurar questionar o que se lê, tentar abrir a mente. Por exemplo, a JS defende o casamento homossexual, e eu sou a favor. O que faço para defender esse meu ideal, é falar sobre o assunto com as pessoas que me rodeiam, ouvi-las e argumentar bem o meu ponto de vista.
Um olhar brasileiro sobre a "Esquerda"
A noção do que é a esquerda depende do contexto nacional em que se vive. Esta jovem definia-a por oposição ao estabelicido. António Netto, um estudante universitário, originário do Brasil, considera a situação política no Brasil muito semelhante à portuguesa, «As ideologias são sempre as mesmas e acho que isso leva a uma descrença política. Acho que no Brasil essa descrença chegou a tal ponto que o povo está a se tornar "apolítico"».
O aumento do número de partidos, o que, segundo António, provoca "uma salada de ideologias acaba se tornando uma confusão na cabeça do jovem e da população em geral". A corrupção e mentira na política, são outros factores que desmotivam os jovens e levam a população a ir «deixando e aceitando as coisas como não deveriam ser».
Apesar disso, explica que: "No meu país de origem tinha uma participação política forte. Assim, ao chegar em Portugal, me senti deslocado na questão política, pois não tinha esse know-how histórico e mal sabia quem era o presidente do país." E se, em muitos casos, o campo político da esquerda é o que mais conquista a simpatia dos imigrantes, com ele essa tendência não se verificou, "eu não adoptei uma postural liberal, pelo contrário, busquei informações e estudei muito sobre a política portuguesa, mas eu deixo bem claro que tenho uma visao política bem voltada para a direita."
Jovens sem ideologia definida
Se no Maio de 68 existia uma sobreabundância de símbolos, os dias de hoje pautam-se pela sua ausência. Se os pais se reviram numa revolução cheia de ídolos, os filhos têm pouco para seguir, o que conduz a uma certa apatia política que os leva a afastar-se dos extremos.